terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Velório

Haviam várias flores, principalmente em coroas. Quase todos vestiam preto e derramavam lágrimas nos olhos. Estas, que não eram egoístas e flutuavam de um rosto para outro, em que todos compartilhavam a mesma dor. Os semblantes carregavam a marca do mais profundo desespero humano, em busca de alguma paz.
E eu estava lá. Não sei bem se era eu, ou você, mas de fato, alguém, ou alguns, estavam lá. Lembravam de mim? Lembravam de você? De vocês? A propósito, lembravam apenas das felicidades, e choravam.
Pode - se concluir que ali jazia um vazio. No máximo, um ser perfeito, mas não nós. Afinal, somos feitos de alegrias?
Concluindo, choravam. Gritavam. Berrávamos.

2 comentários:

  1. Nietzche dizia que quando alguém querido morre nós não choramos pelo morto, mas pela parte da nossa história que, com a morte dele, nunca mais poderá se repetir.

    Por isso mortos são sempre gente fina, seres perfeitos.




    A não ser que retornem como zumbis, claro.

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