sábado, 16 de abril de 2011

Gosta de ser visível? Não?

O ser humano contemporâneo padrão se orienta a partir de sua visibilidade. São milhões de pessoas buscando “aparecer”, seja pelo seu conhecimento, ou burrice, ou algo engraçado que fez.

Buscar visibilidade é algo normal. Se vestimos roupas caras para uma festa, queremos ser notados. Se não vestimos, queremos ser notados por nossa indiferença. Se nossas roupas são boas, queremos que a dos outros também sejam, principalmente daquelas pessoas que queremos nos relacionar intimamente.
Por outro lado, se não nos preocupamos com nossa vestimenta, queremos que alguns também assim se comportem (se fossem todos, não teria por que se achar ‘indiferente’), e logo tratamos de recrutar alguém para falar daquele cara que se acha com tal óculos, ou daquela menina que é arrogante pois se veste de tal forma. Não funciona assim?

Pois bem, esse sentimento de aglomeração também está presente nas redes sociais, por exemplo. Postamos fotos, por exemplo, para sermos visíveis, mas não sozinhos. Queremos o feedback de nossos amigos, quando eles comentam nas fotos ou postam novas fotos, para nos comentarmos.

O problema disso, principalmente nas redes sociais, é que prende o usuário. Esse ciclo vicioso faz nós termos a necessidade de sempre olhar para os outros, e nos olhar. O erro não é comparar, pois é natural, mas deixar que esse fenómeno tome conta da sua vida. Não é difícil, vez por outra, fazermos uma auto-crítica, nos perguntando se estamos querendo nos fazer notar, e notando os outros de forma excessiva. Pense nisso.

É simples, nos damos valor quando temos apoio de um grupo. Somos visíveis e desejamos visibilidade por isso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dia Ruim

-- E eu vim de lá companheiro, do outro lado desta serra, onde as noites são mais frias que a viúva do sargento-coronel. Vim fugido do que fiz, de quem matei, e de meus inimigos de desonrei. Mas quero mudar, quero mudar esse lugar, companheiro.
-- Não faça isso, caro amigo. Nada aqui precisa, ou pode, ser mudado. Já mataram todos os coronéis, deram terras para todos, trabalho, escola, tudo. Mas nada ainda mudou, companheiro. Todos frequentam os mesmos bares, escutam músicas tão ruins que envergonhariam os ruins da nossa época.E vai ser assim para sempre. Os bons desta terra, companheiro, estão condenados ao fracasso!
-- Não diga isso, companheiro. É claro que os bons vão fracassar! Mas sempre continuamos tentando, sempre mudamos um pouco do nosso povo.
-- Não perca seu tempo, companheiro. Você é bom, viva para se. Viva para seu prazer.
-- Meu prazer é a felicidade de todos!
-- Hipócrita!
-- Não senhor! Eu sou bom! E é meu sofrimento que me faz feliz. Sofro pois quero mudança desse país!
-- Amigo, não faça isso! É perca de tempo. Olhe a sua volta. Todos tem tudo que jamais desejariam a 10 anos passados. E continuam os mesmos. Querem mais, e não se esforçam para tal. Você sabe, na sua consciência, são todos covardes.
-- Eu sei das minhas convicções, companheiro. Eles não tem forças para querer.
-- E o que lhe faz diferente deles?
-- Eu sou bom!
-- Só é mais um covarde, brigando por uma causa perdida. Ninguém te quer aqui. Todos estão bem, sem saber que poderiam estar melhor.
E assim ele se virou e terminou de fazer a barba, enquanto refletia.